quarta-feira, outubro 31, 2007

A ilusão do reflexo - recebida por email

A ilusão do reflexo


 Conta-se que um pai deu a sua filha um colar de
 diamantes de alto preço.

 Misteriosamente, alguns dias depois o colar
 desapareceu. Falou-se que poderia ter sido furtado.

 Outros afirmaram que talvez um pássaro tivesse sido
 atraído pelo seu brilho e o levado embora.

 Fosse como fosse, o pai desejava ter o colar de
 volta e ofereceu uma grande recompensa a quem o
 devolvesse: R$ 50.000,00.

 A notícia se espalhou e, naturalmente, todos
 passaram a desejar encontrar o tal colar.

 Um rapaz que passava por um lago, próximo a uma área
 industrial, viu um brilho no lago.

 Colocou a mão para proteger os olhos do sol e
 certificou-se: era o colar.

 O lago, entretanto, era muito sujo, poluído, e
 cheirava mal.

 O rapaz pensou na recompensa. Vencendo o nojo,
 colocou a mão no lago, tentando apanhar a jóia.

 Pareceu pegá-la, mas sentiu escapulir das suas mãos.
 Tentou outra vez. Outra mais. Sem sucesso.

 Resolveu entrar no lago. Emporcalhou toda sua calça
 e mergulhou o braço inteiro no lago.

 Ainda sem sucesso. O colar estava ali. Mas ele não
 conseguia agarrá-lo. Toda vez que mergulhava o
 braço, ele parecia sumir.

 Saiu do lago e estava desistindo, quando o brilho do
 colar o atraiu outra vez.

 Decidiu mergulhar de corpo inteiro. Ficou imundo,
 cheirando mal. E ainda nada conseguiu.

 Deprimido por não conseguir apanhar o colar e
 conseqüentemente, a recompensa polpuda, estava se
 retirando, quando um velho passou por ali.

 O que está fazendo, meu rapaz?

 O moço desconfiou dele e não quis dizer qual o seu
 objetivo. Afinal, aquele homem poderia conseguir
 apanhar o colar e ficar com o dinheiro da
 recompensa.

 O velho tornou a perguntar, e prometeu não contar a
 ninguém.

 Considerando que não conseguia mesmo apanhar o
 colar, cansado, irritado pelo fracasso, o rapaz
 falou do seu objetivo frustrado.

 Um largo sorriso desenhou-se no rosto do
 interlocutor.

 Seria interessante, falou em seguida, que você
 olhasse para cima, em vez de somente para dentro do
 lago.

 Surpreso, o moço fez o recomendado. E lá, entre os
 galhos da árvore, estava o colar brilhando ao sol.

 O que o rapaz via no lago era o reflexo dele.

 A felicidade material se assemelha ao reflexo do
 colar no lago imundo.

 Na conquista de posses efêmeras, quase sempre
 mergulhamos no lodo das paixões inconseqüentes.

 A verdadeira felicidade, no entanto, não está nas
 posses materiais, nem no gozo dos prazeres.

 Ela reside na intimidade do ser. Nada ruim em se
 desejar e batalhar por uma casa melhor, um bom
 carro, roupas adequadas às estações, uma refeição
 deliciosa.

 Nada ruim em desejar termos coisas. A forma como as
 conquistamos é que fará a grande diferença.

 Se para as conseguir, necessitamos entrar no lodaçal
 da corrupção, da mentira, da indignidade, somente
 sairemos enlameados, e infelizes.

 Esse tipo de felicidade é como o reflexo do colar na
 água: pura ilusão.

 Somente existe verdadeira felicidade nas conquistas
 que a honra dignifica, que a consciência não nos
 acusa.

 Pensemos nisso. E, antes de sairmos à cata
 desesperada de valores materiais expressivos,
 analisemos o que necessitamos dar em troca.

 Porque nada vale que mereça sacrificar a honra, a
 dignidade pessoal, a auto-estima, a vida espiritual.

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Alexandre Miguel de Andrade Souza

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